Minha Iracema querida, minha Tereza Batista danada
Morena charmosa, garbosa, folgosa
Presença certa em minhas melhores lembranças infantis
Dos tempos em que crime de agressão contra outrem, era puxar o cabelo alheio
Que pecar, era desejar o doce do próximo
Que ser mal, era ser desobediente à mãezinha
Dos tempos em que ser punido, era ficar ajoelhado de frente para a parede
Que invasão de privacidade, era bisbilhotar o seu diário
Ler seus mais íntimos segredos e desejos e descobrir suas peripécias, seus namoros, suas armações
Da época em que agressão com palavra era: “sua chata”, “sua burra”
Dos tempos belos em que se fugia de casa para sempre a tardinha, e ficava escondida no jambeiro, e já voltava na hora seguinte quando via o rebuliço armado
Lembro da época dos namoros infantis, de beijos roubados e mal dados, de pouco carinho e muito desajeito. Dos tempos das festinhas nos prédios das amigas em que se procurava o "bonitinho da turminha" para dançar agarradinha
Da época em em que se ia para detrás do prédio, para tirar um “sarrinho”, e depois correr para contar ainda ofegante para as amigas, como se tivesse cometido a maior ousadia, um pecado carnal.
E aquelas dormidas dos fins de semana nas casas das amigas, onde as amigas tinham barba, bigode e outros adereços masculinos desejados a mais.
Lembro bem do tempo em que se queria matar o outro com um tapa, da época em que competição acirrada, era brigar para ligar primeiro a TV ou mesmo pegar o controle só para poder botar no canal que quisesse e ficar mandando o dia inteiro.
Da época que quando se perdia algo muito importante, era porque tinha feito menos pontos no River Raid ou Pitfall do velho Atari, e ficava furioso por causa disso!
Dos sábado que se acordava cedo para assistir “Xou da Xuxa”, meninos contra meninas, Smurfs, Caverna do Dragão, Ursinhos carinhosos (nesse último caso, mais para você, lógico!), Thunder Cats, Hoooooooooooooouuu!!!
Lembro que crime de roubo, era virar as figurinhas quando o outro não estava olhando no jogo de bafo.
E ainda tinham as competições acirradas e pegas disputadíssimos nos Grandes Prêmios de corrida de bolinha de gude no Circuito Internacional do quintal de nossa casa.
Lembro-me muito bem ainda que fazer coisas feias escondido, era subir no telhado de casa para comer “leite moça” sem que nossa mãe sabesse, mas ela sempre sabia!
Áh, como era bom subir no telhado de casa e ficar olhando contigo a lua, as estrelas. E as estrelas que queríamos contar mas, caso contasse, iria aparecer verruga no dedo
Lembro ainda que sua ousadia era do tamanho de Porto de Galinhas
E das noites lá dormidas ao relento... Como Deus foi tua companhia nestes dias!
Lembro das paixões pelos vizinhos, da turminha de amigos a conversar na esquina, Helsinho, Trick, Hebe, Jura e tantos outros que ali tiveram...
Lembro, mas nem gostaria de lembrar de algumas saídas nossas (...rs), da primeira embriagez, cerveja, cachaça, Pau do índio, Áh....! Banheiro tooooodo vomitado no dia seguinte e eu: "Quem foi que fez essa desgrasseira toda no banheiro?!?!" Ôh ressaca danada que não passava... Ôh Exposição de Animais maldita!
Lembro da viajem a Floresta, da viajem na ida, da sua amiga Carol no ônibus e você pertubando e morrendo de achar graça comigo porque ela me atacava de noitinha, e dos riscos juntos que corremos lá, lugar longe e distante, longe da proteção de nossa mãezinha querida, e que ficamos tão acuados por algo que até então era tão inocente... É, com política dos outros não se brinca!!! E quando chegamos de volta a casa, um abraço fervoroso em nossa mãezinha, e fizemos a ela juras de amor eterno.... E a pobrezinha sem entender de onde vinha tanto amor e o que se passava...
Sabe, tem partes dessa história que não me lembro, apenas sinto!
Como quando me acolheste em teu colo gentil, depois de ter sofrido o acidente tão grave, e aquelas "pessoas vultos" ao meu redor, quase incociente e apenas você ali, lutando para sustentar e segurar minha vida que passava tão rapidamente naqueles poucos minutos estendido na calçada da rua...
Sinto o quanto é bom saber que você lembra de mim, mesmo tão distante.
Sinto que sou seu padrinho de casamento, mesmo não tendo ido a ele.
Sinto que somos irmãos, amigos.
Sinto que te amo muito.
E assim é você, morena bonita, tem formosura de as vezes até te machucar, cabelos sempre longos, negros como as asas de uma graúna, corpo escultural, bem esculpido do alto de sua baixeza, coração grande, coração de mãe...
Hoje, você cresceu, nós crescemos e as lembranças servem para nos remeter a este tempo passado tão mágico e encantador. Vivemos situações de adultos onde nos sentimos crianças e procuramos o abrigo do colo de nossa mãezinha que tantas vezes era solução e resolveu nossos piores temores e hoje não é bem assim.
Temos problemas a enfrentar, as batalhas e guerras que enfrentamos são diferentes das épocas tranquilas e infantis. A vida nos impõe situações por muitas vezes adversas, que não gostaríamos de enfrentar mas que caem como um corpo em queda livre na nossa frente.
Hoje, você tem a oportunidade de ser novamente acolhida nos braços da SUA família, de voltar para aquela que nunca deixou e nem deixará de ser SUA família e, tenha certeza de que seu retorno já é muito esperado e querido.
Sabe, como diria o velho ditado chinês: “Em todo mau há sempre o lado bom e em todo bom há sempre o lado mau também” por tanto, procuro enxergar o lado positivo de tudo que se passa hoje e sei que existe sim, muita coisa boa acontecendo nesse rebuliço todo e que é claro como a luz do sol....
SEJA BEM VINDA IRMÃ!!!