ACONCHEGO
Algo que me encheu de alegria e saudade agora, foi a lembrança da minha mãezinha que no momento está um pouco distante de casa. Consegui mesmo sem fechar os olhos me lembrar e visualizar uma cena que me trouxe uma saudade profunda, um sentimento de proteção e cuidado extremo que nós homens por vezes não podemos sentir falta, temos que ser HOMENS, e homem que é homem não tem esse tipo de pensamento e sentimento mas, EU TENHO! Eu sinto falta... Eu estou precisando, AGORA...
Veio à minha lembrança a imagem das tardinhas da minha infância em Olinda, eu chegando em casa da aula, minha mãezinha vindo até o portão abrir para eu e meus irmãos, os “filhotes” dela chegando da aula de um lugar tão distante (estudávamos um pouco longe de casa). Ela sempre recebia a gente no portão, dava um “xêro” na nossa cabeça, colocava cada um para dentro como se estivesse recolhendo seus "carneirinhos". Perguntava como tinha sido a aula, dava as primeiras recomendações: “Adônis, coloque logo a farda aqui atrás para lavar...(todo santo dia tinha que lavar minha fardinha surrada pelas escorregadas na rampa de acesso às salas e jogos de bola no colégio, ficava imunda!) Jojô, olha essa farda pelo meio da casa menino, guarde o tênis também! Ingrid, arrume seu quarto que tá muito bagunçado... Priscilla, olha o guarda-roupa que tá uma zona só!”. Depois ela ia com todo carinho esquentar o almoço, enquanto isso, eu tomava um banho que era tãããããoooooo gostoso, banho daqueles de quando se chega do sol, depois de ter andado uns 15 minutos no sol do meio-dia da parada de ônibus até em casa... Eita banho danado de bom!!! Sentava à mesa, almoço delicioso pois, ela é a melhor cozinheira do mundo, até hoje. Aquela que faz desde o melhor arroz até a comida mais complexa da forma mais gostosa. Até a farinha que ela bota na mesa tem gosto melhor que as outras... Eita! Lembrei quando ela fazia os bolinhos de feijão com farinha para a gente comer, enrolava todo mundo (pelo menos a mim) amassando o feijão na mão e fazendo os bolinhos, parecia até que passava a ser outra comida aquela e não mais feijão com farinha e arroz, eu comia tuuuuudo! Depois do almoço, era a hora que nas lembranças presentes me veio a saudade maior... Ela fechava a cortina do quarto dela para ficar bem escurinho, deitávamos na cama dela. Ela deitava ao lado, chamáva-nos de "filhote" sempre (áh como era bom esse cuidado todo...!), ficava fazendo um carinho na cabeça e cantava uma musiquinha, bem baixinha... Até a gente dormir....
“Boi boi boi, boi da cara preta, deixa esse menino que tem medo de careta...
Boi boi boi, boi da cara preta, deixa esse menino que tem medo de careta... “
Puxa mãezinha, como eu estava precisando deitar de novo na tua cama, receber teu carinho gostoso, puro, verdadeiro, sentir-me acolhido novamente nos teus braços, protegido contra tudo e todos, sabendo que ali ninguém iria me fazer mal, sentir teu cuidado e ouvir de novo tua doce voz cantando pra mim, baixinha, suave e terna....
“Boi boi boi, boi da cara preta, deixa esse menino...”
Mas esse colo - de mãe - basta fechar os olhos, como vc fez, que se reencontra. ;)
Um beijo grande.